quinta-feira, 17 de abril de 2008

Repórteres de guerra expõe a essência do jornalismo

O jornalista Fernando Evangelista e o fotógrafo Matt Corner
revelaram a essência do jornalismo, na Pirimeira Semana de Jornalismo da Faculdade Estácio de Sá de SC, realizada de 7 a 11 de abril de 2008.


“Matt Corner é um fotógrafo de guerra. Tem cara de alemão, nome de americano, mas é italiano da gema. É um sujeito esperto e corajoso. Corajoso demais e, às vezes, lá no meio das bombas, eu ficava me perguntando se ele era mesmo corajoso ou só um suicida alucinado. Mais um doido em busca de um sentido ou de uma revelação, igual àqueles fanáticos com o Velho Testamento embaixo do braço. Uns se agarram à religião, outros ao poder, às drogas e outros se agarram às guerras. Cada um na sua, como naquele comercial de cigarro. Pena que não é tão simples assim.” Essa é descrição feita por Fernando Evangelista, na revista Caros Amigos, sobre o parceiro de cobertura de guerra.

Segundo os dados da matéria de Evangelista, no início do século XX, 90% das vítimas em batalha eram soldados, hoje, 90% são civis. Ser repórter de guerra realmente não é para qualquer estômago, mas o de Fernando Evangelista até agüenta. Em 2001, se formou em jornalismo, colocou um mochila nas costas e saiu para o mundo pois acredita que o jornalista deve “trilhar as estradas secundárias, comer poeira, mergulhar em outra cultura.” Leitor da Caros Amigos na faculdade, Evangelista já possuía o viés de contestar a voz oficial e ver o outro lado das coisas. E com esse intuito chegou à Itália, três meses antes da manifestação contra o G-8, em Gênova, a maior contra a globalização da história, conta o jornalista. Um pouco antes de acontecer o evento, ligou para a revista e falou com Sérgio de Souza, o famigerado Sergião, consagrado jornalista brasileiro e fundador da Caros Amigos, falecido no dia 24 de março. Ele pediu um texto a Evangelista contextualizando a situação. Foi a primeira reportagem de Fernando feita após a formatura, de caráter internacional e com repercussão nacional e, ainda, ganhou capa. Indo na contramão das técnicas ensinadas no curso de jornalismo, a matéria do principiante repórter foi um texto longo, com contexto, condizente à emoção sentida e posicionado ao lado das 300 mil pessoas protestando nas ruas de Gênova.

Acolhido por Sergião, como relata, foi por causa dele que conheceu Matt Corner, fotógrafo, formado em Geologia e Ciências Agrárias. E, dessa maneira, se formou a dupla cuja astúcia sensibiliza inúmeros corações, ao reportar as atrocidades da estupidez humana ocorridas no Oriente Médio e Norte da África. Para Evangelista, Matt “é pragmático, sem ser indiferente; é posicionado, sem ser ideológico; é cético, sem ser cínico. É apaixonado pelo o que faz, o que pode soar piegas e fora de moda diante do jornalismo estatístico e desumanizado de hoje em dia.” Mas esse artista da guerra, o qual o sentimento se expressa pela alma das imagens, revela que “a foto mais bonita é a que não se faz.”

Matt Corner e Guillermo Valle, fotógrafos de guerra, expõe a mostra fotográfica "100 histórias" na Assembléia Legislativa de Santa Catarina até 11 de abril.

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